É bastante comum ouvir entre os evangélicos a declaração acima (às vezes até mesmo como uma ameaça velada aos que não são crentes), tendo como base I Samuel 26.
Importante saber que I Samuel 26 está diretamente ligado com I Samuel 24:6,10; II Samuel 1:14; etc. Todas são referências do AT que dizem respeito ao livramento de flagelos físicos contra a autoridade política e profética dos homens de Deus por ocasião da revelação do Velho Pacto. Tal livramento poderia ser, eventualmente e em algumas circunstâncias, um sinal indicativo e confirmação do chamado de Deus para o cumprimento de uma missão específica.
Com relação ao fato de um ungido do Senhor ser tocado somente com a permissão do Todo-Poderoso, isso é algo inquestionável, porém não é exatamente a mesma coisa da declaração: “Ninguém pode tocar em um ungido do Senhor!”, pois a repetição dessa declaração tem aberto indevidamente uma enorme brecha para os líderes “gospel” da atualidade exigirem para si uma prerrogativa muito perigosa onde se auto declaram “ungidos intocáveis” (há ovelhas inocentes que até acreditam!) aproveitando-se disso para terem imunidade e agirem de acordo com sua “unção e autoridades inquestionáveis”. Esse quadro é uma triste realidade nas diversas denominações, principalmente as pentecostais e neo-pentecostais.
Hoje, no Novo Pacto (Nova Aliança ou Dispensação da Graça), a revelação e a autoridade não mais repousam sobre alguns poucos profetas e reis ungidos (como Saul, por exemplo), porém temos a plena unção derramada sem medida sobre todos os servos do Altíssimo, de acordo com I Pedro 2:9e Apocalipse 1:6. Inclusive, no Novo Testamento, a maioria dos ungidos do Senhor foram terrivelmente “tocados” e quase nenhum deles foi poupado. Lógico que, com a permissão do Senhor! Mas a realidade da verdadeira Igreja (perseguida e afrontada) não combina com a declaração: “Ninguém pode tocar em um ungido do Senhor!” Aliás, para ser cristão sem deixar de ser realista, deve-se admitir que até mesmo aqueles que não são “ungidos do Senhor” somente são “tocados” com a permissão do Todo-Poderoso! A própria Bíblia atesta esta realidade! A grande confusão, talvez, esteja no fato de que a maioria das pregações que se ouve nas “igrejas” não apontarem para a cruz, para a renúncia e a perseguição. As denominações (quase todas) preferem adotar o discurso triunfalista que atrai multidões e afaga o ego (sabemos bem por qual motivo), geralmente apoiados em versículos isolados ou em figuras (sombras) do Antigo Testamento.
Graça e Paz!